A área escolhida para abrigar a futura instalação do Sesc Franca está situada em local privilegiado e estratégico com relação ao tecido urbano. Localizada no bairro São José, situa-se entre a área central e os novos bairros. Possui no entorno próximo (raio de 500 metros) vários equipamentos referenciais, institucionais, educativos e habitacionais - Câmara Municipal, Estação Rodoviária, Universidades, SESI, etc.. A avenida Dr. Ismael Alonso y Alonso está implantada ao longo do córrego Cubatão e é uma das mais importantes vias da cidade que articula a área central com as novas ocupações. Ultrapassando o Centro, alcança importantes rodovias que interligam a cidade com outras regiões, inclusive a via Anhanguera. Em conjunto com outras avenidas (D.Pedro I, Getúlio Vargas e Major Nicacio) configura um anel entorno dessa região da cidade. Sua concepção urbanística segue a solução usualmente adotada para vias em fundo de vale com suas pistas margeando o córrego que, neste ponto, está canalizado a céu aberto. Sua vocação é a de articular e conectar a cidade e pensamos ser importante sua qualificação e melhorias de transporte público e mobilidade.

 

O partido arquitetônico adotado está estruturado pelo plano de acesso e circulação ao estabelecer um eixo estruturador (que interliga as ruas laterais na cota 103.75, paralelo e afastado 45 metros da Av. Dr. Ismael Alonso Y Alonso), conjugado ao acesso principal pela avenida na cota 100.00. A partir daí, a circulação interna ocorre através de um anel de galerias avarandadas que envolvem as áreas do programa, principalmente o conjunto teatro-ginásio, em todos os pavimentos. Pelo teto dessas galerias se realiza o caminhamento da infraestrutura, e distribuem as redes de utilidades – eletricidade, lógica, telefonia, hidráulica, etc..

 

A solução volumétrica é caracterizada a partir do bloco do teatro-ginásio envolvido por anel de galerias de circulação que tangencia o eixo longitudinal central. Nas extremidades deste bloco localizam-se, a SE, as áreas esportivas, (ginástica, no nível térreo, e vestiários e oficinas nos superiores) e a NO, o saguão de acesso geral e áreas socioculturais (convivência, central de atendimento, café, acesso do teatro e exposições, no nível térreo -100.00 - e biblioteca oficinas – infantil, juvenil, curumim - administração e centro odontológico nos pisos superiores).

 

A ocupação do edifício principal ocorre nas cotas mais baixas do terreno, próximas da avenida do córrego Cubatão, com adoção de solução horizontalizada. As áreas esportivas descobertas – piscinas, quadra e campo de futebol se localizaram na parte mais elevada do terreno, junto à divisa com o estádio municipal, em cotas de nível que regulam com a cobertura do bloco frontal criando uma grande praça na cota 115.00 com ampla visibilidade da cidade na direção SO.

 

O acesso principal está localizado à esquerda do bloco frontal composto, por um lado, pelo saguão de acolhimento, área de convivência, um dos acessos ao teatro e café, e por outro pela área de exposições. Na outra extremidade, esquina da rua Rio Grande do Sul, localiza-se a área da ginástica e o ginásio esportivo integrado ao teatro posicionado junto à avenida com ampla visibilidade da rua.

 

Evitou-se a movimentação de veículos junto à avenida e o acesso ao subsolo de estacionamento e carga-descarga de serviços se faz pela rua Nelson Presotto que já atravessa a avenida Alonso Y Alonso.

 

Procurou-se privilegiar a visibilidade da rua de dentro para fora e de fora para dentro do edifício, estabelecendo uma relação positiva com a cidade. Evitou-se o recuo frontal, de forma a propor uma relação direta com o pedestre e veículos que transitam numa das principais avenidas da cidade O edifício está implantado junto à avenida, praticamente no alinhamento do lote, e o passeio público alargado para quatro metros. No pavimento térreo a construção é recuada ampliando o espaço na escala do pedestre – oito metros - e expondo o estacionamento localizado no nível 96.00 - abaixo da rua – através de aberturas no piso e taludes ajardinados. Ao longo do percurso o edifício se abre visualmente ao pedestre nas áreas do saguão de acesso, do ginásio e da área de exposições, revela de maneira franca e direta partes importantes de suas atividades, convite para o acesso e participação. Sem a intermediação do recuo frontal, a paisagem é o espaço interior revelado.

 

Objetivando minimizar o movimento de terra, a topografia do terreno foi acomodada ao projeto conservando suas características morfológicas. O desnível acentuado na porção central do lote – fenômeno da boçoroca, típico da região – foi incorporado pela proposta paisagística. Nesta concepção, na área central ao longo do eixo longitudinal da implantação, com o terreno taludado em patamares, consolida-se uma faixa arborizada que configura paisagem interna marcante e integrada com a construção. Onipresente junto à circulação geral integra-se às galerias e às circulações verticais. Este jardim vertical que desde a Rua Nelson Presotto acompanha paralelamente a construção junto ao o eixo central, penetra efetivamente no edifício no lado SE - entre o ginásio, a comedoria e piscinas cobertas – e configura jardim interno que continua até atingir, finalmente, a Rua Rio Grande do Sul. Essa faixa verde acomodada à topografia do terreno faz a interlocução entre as áreas externas de esportes e lazer com as áreas internas cobertas.

 

O desenvolvimento dessa proposta foi orientado pelo Termo de Referência do concurso, sobretudo a partir dos conceitos de visibilidade, transitividade, estímulo/acolhimento, atratividade e reversibilidade, estabelecidos como atributos essenciais do projeto. Dessa maneira o estabelecimento de um sistema nítido de circulação, aliado à lógica funcional na distribuição do programa possibilita uma a rápida percepção dos espaços. A fluidez e continuidade dos caminhos internos criam variabilidade e surpresas na fruição arquitetônica. A permeabilidade da construção com a cidade sempre presente por um lado e o jardim interno por outro garantem para os usuários a orientação espacial desejável. Ao mesmo tempo, e por isso mesmo, contrapõe-se à ideia de cidadela, fechada para a cidade e suas transparências realizam o convite.

 

No que diz respeito à distribuição funcional, procurou-se setorizá-la de forma a agregar aquelas relacionadas e evitando interferências indesejáveis de fluxos e ruídos. Nos níveis próximos aos acessos – 99.00/100.00 pela avenida e 103.75 pelas ruas laterais – foram localizados as funções de maiores apelos populares – teatro, ginásio, exposições, ginástica e comedoria. Nos níveis superiores a biblioteca, as oficinas e as salas educativas, na 107.50, e a administração com o centro odontológico, por um lado, e as piscinas cobertas, por outro, na 111.25. No nível 115.00 na parte SE do terreno, junto à divisa do estádio, as áreas esportivas externas – piscina e campo de futebol e, sobre o edifício, além de alojar a quadra poliesportiva, cobertura-jardim (destinada à contemplação e solário) também áreas de sombras abrigadas sob as coberturas do ginásio e do saguão principal.

 

O programa do Sesc prevê atender uma população de 2.500 usuários/ dia acrescidos de 170 funcionários. No edifício principal esse programa foi distribuído em cinco pavimentos, determinados a partir da volumetria determinante do conjunto teatro-ginásio. Na cota 100.00/99.00, além do teatro e ginásio, localiza-se o saguão de acesso geral a partir da avenida, e as áreas de exposições e ginástica; na 103.75 (pavimento de conexão entre as vias laterais) estão localizados os acessos superiores ao teatro e à sala de exposições, os vestiários esportivos e a comedoria; na 107.50, a biblioteca, o programa educativo flexível, a oficina cultural e as salas curumim e de atividades juvenis e a área infantil; na 111.25, a administração e o centro odontológico; na 115.00, a cobertura-jardim, quadra descoberta e solário.

 

O sistema construtivo será misto, com as estruturas principais executadas em concreto armado (pilares vigas e lajes) e estruturas metálicas para as

coberturas do ginásio e do saguão além das escadas.

 

As águas pluviais das coberturas serão totalmente reaproveitadas. Após serem coletadas, serão direcionadas para o canal junto ao arrimo no pavimento 96.00 – e daí até o espelho d’água no jardim do acesso da Rua Rio Grande do Sul. O destino final será seu tratamento e reserva no nível 96.00. Ao usuário do Sesc será possível acompanhar todo esse processo com sentido lúdico e didático.

 

Os materiais de construção a serem utilizados bem como os sistemas de infraestrutura e utilidades serão adotados a partir das diretrizes do Sesc, das normas técnicas e dos princípios de eficiência, economia e sustentabilidade.

 

equipe

Eduardo Colonelli, Fernando Botton (coordenador) Mayra Rodrigues, Marina Colonelli, Michelle Waisblut, Régis Sugaya (arquitetos) Marcelo Anaf (estagiário)

 

 

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