O projeto original foi concebido a partir de uma planta desenhada em forma de “U” e implantada em vários municípios no interior de São Paulo.

A planta caracteriza-se pela simetria, com quatro salas de aula para meninos e quatro salas de aula para meninas. O prédio foi implantado no eixo do terreno, dividindo-se, inclusive, os acessos, os pátios de recreio e os sanitários.

O edifício principal, única construção que se preservou, foi construído sobre o porão de embasamento e destinava-se exclusivamente às salas de aula e administração. Originalmente, junto à divisa dos fundos, erguia-se o “pavilhão para as privadas e mictórios”, assim denominado pelo arquiteto. A ligação entro os dois blocos era estabelecida através de uma “galeria de abrigo e passadiço”.

O conjunto foi erguido no eixo central do terreno que, na realidade, é um prolongamento do eixo de implantação da Praça Principal e da Igreja Matriz, localizadas defronte da escola, caracterizando, dessa forma, um forte conjunto urbanístico na área central da cidade.

As técnicas utilizadas na construção original foram as da alvenaria de tijolos de barro, cobertura de telhas francesas sobre tesouras de madeira, fundação direta de alvenaria de pedras, esquadrias de madeira de cedro velho, pisos de soalhos de peroba, forros de madeira tipo macho e fêmea, revestimentos com argamassa de cal e areia, caiação externa nas cores ocre claro e escuro.

O edifício do Grupo Escolar de Matão é uma das poucas construções da época da fundação da cidade que se mantiveram intactas, funcional e arquitetonicamente, até os dias atuais, assumindo significado marcante na memória da cidade. O partido adotado no projeto de 1992 foi o da sua total restauração e manutenção de suas características originais.

Um novo edifício, com três pavimentos, foi projetado junto à divisa dos fundos, transversalmente ao eixo original de implantação, objetivando completar o programa funcional das atuais escolas. Abriga, no pavimento térreo, o galpão e os ambientes de vivência e serviços gerais. Nos pisos superiores os ambientes pedagógicos complementares ao edifício principal. O acesso de alunos passa a ser através desta nova edificação, pela rua 15 de novembro.

A interligação entre os dois edifícios é estabelecida através de uma passarela com cobertura translúcida e estrutura metálica, recriando a “galeria de abrigo e passadiço” prevista no projeto de 1911.

A implantação final e a articulação dos edifícios resultam, de uma certa forma, na recriação da espacialidade original da escola.

As propostas de restauro e reconstituição foram planejadas em função de trabalhos de prospecção de pinturas, de pesquisas com a comunidade, de elementos disponíveis no projeto Van Humbeeck, de fotografias e, ainda, do “Orçamento para as Obras de Construção do Grupo Escolar de Matão”, documento original da concorrência da construção.

 

Eduardo Argenton Colonelli

Weliton Ricoy Torres

 

Texto publicado no livro Arquitetura Escolar Paulista: Restauro. São Paulo: Fundação Para O Desenvolvimento da Educação, 1998. p. 116-123.

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