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Plano Piloto do Centro Administrativo Ciba-Geigy
1989 |Santo Amaro, São Paulo, SP
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Ciba-Geigy
Vitoriosa em concurso promovido pela Ciba-Geigy, a proposta destacou-se, principalmente, por não se limitar a responder às exigências do programa de curto prazo. O projeto do centro administrativo Ciba-Geigy não é uma obra acabada, mas uma diretriz norteadora do processo, de uso e ocupação dos espaços disponíveis.
Remanescente do Parque Industrial da empresa em Santo Amaro, a área tornou-se inviável para tais fins a partir das restrições determinadas pelas novas legislações urbanísticas e de controle ambiental. Tendo em vista a excelência do local e das potencialidades de aproveitamento das construções existentes, torna-se objeto de reestruturação objetivando a instalação das funções administrativas.
A necessidade de descentralizar as atividades produtivas e readequar sua estrutura administrativa exigiu o remanejamento do conjunto, através de um plano diretor que deveria prever e orientar ocupações sucessivas. Dessa forma, o parque industrial seria transformado no Centro Administrativo.
Orientações estratégicas da empresa solicitavam a provisão de áreas para futuras intervenções, mudanças ou reorientações de longo prazo. Necessidades concretas exigiam soluções no presente, as quais, formuladas através de objetivos setoriais requeriam, por exemplo, o agrupamento de funções afins, a eliminação das edificações obsoletas ou a criação de novas edificações.
O programa fornecido parecia completo e objetivo, mas uma análise das condições estruturais e funcionais das edificações existentes e dos objetivos propostos sugeririam sua reavaliação e reequacionamento. Essa análise conduziu à elaboração de uma matriz onde se cruzavam os parâmetros estruturais, funcionais, físicos e formais das diversas edificações existentes e das novas edificações que se planejava construir. A partir daí foram alteradas, no programa, a estrutura da implantação urbanística, a natureza dos usos previstos para as áreas e a volumetria espacial. O processo conduziu a um partido geral incorporando conjunto de diretrizes estruturais, urbanísticas e arquitetônicas.
Diretrizes Urbanísticas
- Mudança do acesso geral da Avenida Santo Amaro para a Avenida Vicente Rao devido as exigências legais, bem como a melhor acessibilidade ao conjunto devido as características e dimensionamento desta nova avenida.
- Necessidade de equacionar as distâncias a todos os pontos das áreas a partir do acesso geral;
- Criação de um novo eixo estrutural do espaço do conjunto, do plano de acesso e da implantação (ou reserva de área) das novas edificações, transversal ao eixo original, ao longo do qual foram implantadas as edificações que foram mantidas;
- Adoção do conceito de "campus", já induzido pela implantação original, com um significativo afastamento entre os edifícios e o uso de grande massa vegetal como proteção contra ruído e poluição.
Edifícios
- O edifício 111, mantido como laboratório de apoio aos programas de marketing, foi objeto de reforma geral e ampliação, com a construção de um anexo técnico para abrigar as máquinas dos sistemas centrais de utilidades e novo transformador necessário devido ao aumento da carga elétrica instalada no edifício.
- O edifício 122, transformado em escritórios anteriormente, foi conservado devido a excelência da construção e adequação dos espaços disponíveis aos conceitos estabelecidos pela empresa.
As demais edificações existentes, secundárias, frutos de um programa técnico-industrial ou de improvisações ocorridas ao longo do tempo, foram demolidas.
Diretrizes Arquitetônicas
- A previsão de edificações racionais, funcionais, marcantes, mas não monumentais;
- A compatibilização de um partido claro e definido com a flexibilidade dos espaços modulados (internamente para usos alternativos e externamente para futuras ampliações);
- A utilização de soluções arquitetônicas definidas pelas diretrizes construtivas e funcionais, sem efeitos formais baseados em sofisticação ambiental, mas na sua qualidade e eficiência.
Os objetivos, parâmetros e demais restrições inibiram a adoção de formas livres, aleatórias, idealistas, de difícil solução ambiental e complicado equacionamento técnico e de alto custo construtivo. Formas simples, racionalmente organizadas, propiciaram resultados plásticos adequados às funções administrativas, assim como soluções estéticas que proporcionaram a desejada qualidade ambiental.
Programa
O programa de necessidades da Ciba-Geigy definia os seguintes pontos, fundamentais à nova implantação e condicionantes do projeto:
- Mudança do acesso geral, da Avenida Santo Amaro para a Avenida Vicente Rao, com a construção de nova portaria central;
- Ampliação dos estacionamentos;
- Demolição das edificações que não se adequassem às novas características de uso;
- Aproveitamento máximo do potencial dos edifícios que fossem mantidos;
- Tratamento urbanístico e paisagístico da área;
- Ampliação de áreas para abrigar o setor de recursos humanos, com área para refeitórios, cozinhas, lanchonetes, auditórios, salas de aula, bem com sua administração;
- Ampliação das áreas de escritórios;
- Ampliação de áreas destinadas aos serviços auxiliares de manutenção, arquivos, almoxarifados, etc.;
- Convivência das obras em etapas sucessivas, de forma a manter as atividades da empresa e permitir a reciclagem das áreas;
- Viabilização com respeito à legislação vigente.
Implantação
O projeto de implantação resulta da compatibilização entre os aspectos paisagísticos e os objetivos de sequencialidade na estruturação de todo o projeto.
O partido urbanístico resulta da compatibilização dos requisitos incrementais e dos objetivos estratégicos. Dois eixos, perpendiculares entre si definem a implantação, locações e o os usos do conjunto. Concentra-se e centraliza-se a acessibilidade frontalmente ao conjunto, equacionando racionalmente as distâncias a serem percorridas.
Espaços livres e massa edificadas são concebidos a partir do conceito de "parque administrativo". Significativa massa vegetal circunscreve todo o conjunto protegendo a área do ruído e poluição provocados pelo intenso tráfego externo.
Novos edifícios
O partido arquitetônico adotado nos novos edifícios e o seu dimensionamento, teve o objetivo de atender o equacionamento das etapas de expansão programadas pela empresa.
Dois novos edifícios foram propostos no eixo frontal da área. São duas construções gêmeas, edifícios 156 e 157. Cada um é composto por dois blocos com 10 pavimentos, destinado aos escritórios, e articulados por uma torre central com toda a circulação vertical, os serviços de apoio e as centrais de máquinas e reservatórios d'água no subsolo e ático. O acesso se faz pela torre central, no pavimento térreo.
Os pilares extrapolam os panos de fachada e integram-se aos elementos quebra-sol permitindo sombreamentos das fachadas expostas contra a insolação excessiva, enquanto se obtém uma planta livre, regular e flexível. O partido adotado viabiliza a construção de cada edifício em duas etapas distintas. Inicialmente, foi construída apenas a primeira etapa de um dos edifícios propostos, o edifício 156-A.
Adequação das edificações existentes
O edifício 121, foi totalmente reformado, adaptado e ampliado. Projetado originalmente para a indústria farmacêutica, é composto por dois corpos distintos (edifício 121-A e 121-B), integrados no pavimento térreo e articulados nos demais pavimentos por uma torre central com a circulação vertical (escadas e elevadores) e serviços de apoio.
O primeiro corpo, denominado edifício 121-A, construído para atividades de produção, com quatro pavimentos e que já havia sido anteriormente adaptado para as funções administrativas, foi objeto de reforma global. O segundo corpo, denominado edifício 121-B, foi objeto de intervenção mais radical. O objetivo da intervenção consistiu em adequar o edifício aos novos usos propostos com o aproveitamento máximo de sua estrutura, fundações e características arquitetônicas básicas.
Projetado originalmente com dois pavimentos para depósito de produtos, com previsão de sobrecarga que possibilitou a proposição de mais dois pavimentos sobre os já existentes, ajustando-se o volume da construção ao gabarito do primeiro corpo.
A planta original, com projeção de 1800 m², adaptou-se perfeitamente às necessidades dos programas de áreas dos setores de recursos humanos, tecnologia, compras e manutenção. Possibilitou a adequação de espaços com grandes áreas para restaurante, lanchonete, auditório, depósitos, oficinas, etc.
Um vazio central, sugerido para integrar e ambientar internamente edificação, desenvolve-se do saguão de eventos no 1º pavimento, integrando o restaurante, lanchonete e a sala de estar e convivência ao 3° pavimento. Coroado por uma claraboia, executada com estrutura metálica espacial e vidros laminados transparentes, nos 2° e 3° pavimentos, o vazio é cortado por passarelas que criam alternativas para a circulação.
No pavimento térreo, a estrutura praticamente foi mantida íntegra. O pé direito existente (5m) possibilitou a execução de jirau em algumas áreas. Nesses casos foram utilizados os próprios pilares existentes. No 1 o pavimento, para adequação das cargas dos novos andares propostos, foi executado reforço dos pilares através de cintamento em concreto armado.
No 2° e 3° pavimentos, novos pilares foram previstos na continuidade dos existentes, mantendo-se a modulação estrutural. Quanto ao piso, foram aproveitadas as vigas da cobertura original e prevista sobre elas uma laje nova.
A torre central de circulação foi adaptada às novas necessidades, com a instalação de elevadores de passageiros, escada de segurança e sanitários em cada andar. A intervenção é completada com a proposição de mais duas escadas de segurança, externas ao edifício, adequando-se assim às exigências das normas de segurança.
Arquitetos
Eduardo Argenton Colonelli
Nilton Ricoy Torres
Weliton Ricoy Torres
Obra
Reforma, adaptação e ampliação do Centro Administrativo Ciba-Geigy
Proprietário
Ciba-Geigy Química S/A
Localização
Avenida Vicente Rao - Santo Amaro - São Paulo/SP
Uso original
Indústria química e farmacêutica
Uso atual
Escritórios administrativos
Data do projeto
1985/1992
Data da execução
1987/1993
Área do Terreno
40.000 m²
Área construída
Novas áreas: 13380m²
Reforma e adaptações: 13828 m²
Edifício 111 - Laboratórios marketing - 1992
Reforma e ampliação: 5000 m²
Edifício 121A - Escritórios - 1988
Reforma e adaptação: 4340,00 m²
Edifício 121B - Escritórios e serviços de apoio (restaurante, auditório, oficinas) – 1986 Reforma, adaptação e ampliação: 10640 m²
Edifício 156 - Escritórios - 1986
Novas áreas: 7000 m²
Edifício 152 - Portaria geral e recepção - 1986
Novas áreas: 228 m²
Projetos complementares
Estrutura: Tedeschi Engenharia
Instalações hidráulicas e elétricas: Pupo Engenharia
Ar condicionado: Engetherme e Sulzer
Paisagismo: Luciano Fiaschi
Conforto ambiental: Luiz Carlos Chichierchio
Construção: Hochtief do Brasil
Gerenciamento das obras: Jaakko Poyry Engenharia
Rua São Vicente de Paulo 95 cj 124 | Santa Cecília | CEP 01229-010 | São Paulo SP Brasil | epaulistano@epaulistano.com.br