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O Concurso Público Nacional de Projetos de Arquitetura visava adaptar o edifício conhecido como Anexo IV para a instalação de novo módulo da biblioteca da Faculdade de Direito São Francisco da Universidade de São Paulo (USP). Foi promovido pela Fundação Arcadas Entidade de Apoio à Faculdade de Direito - USP e organizado pelo IAB - SP.

 

A análise das características do edifício existente indica sua adequação ao programa proposto e sugere o interesse da sua preservação. Uma avaliação mais criteriosa, entretanto, apontou o comprometimento no aproveitamento das áreas diante da solução estrutural original.

Embora seja uma hipótese considerável, entende-se como inviável a demolição total diante do impacto de tal solução, das dificuldades de obra e da provável e necessária reconstrução de volumetria semelhante à existente para atendimento do programa funcional.

 

A estratégia básica adotada na proposta foi a da conservação das lajes com remoção dos pilares centrais, recorrendo-se a estruturas metálicas de transição para novos ou reforçados apoios. A liberação dos pavimentos possibilitou a ocupação otimizada e modulada conforme o mobiliário especializado industrializado a ser adotado, associado a espaços de circulação com dimensionamentos recomendáveis.

 

O partido estabelecido para a planta resulta num salão livre com vazio central variável que percorre verticalmente todo o edifício, ladeado por uma Torre Técnica que abriga os elevadores centralizados no andar, a escada de segurança na extremidade frontal – com rota de fuga diretamente para a rua –, sanitários e shaft de instalações, além do reservatório d'água e terraço técnico na cobertura. Esse esquema se completa com uma escada aberta, localizada ao fundo do salão num novo vazio acrescido ao edifício dentro da disponibilidade do recuo de fundo.

 

O plano de circulação prevê as escadas e elevadores na Torre Central, portanto, em paralelo ao Salão Principal, com os elevadores centralizados no espaço e a escada protegida na extremidade junto à rua. O esquema se complementa com uma escada aberta e panorâmica fora da Torre Técnica, localizada no fundo do salão distribuindo e equilibrando os fluxos.

 

O projeto propõe a integração do edifício com seu entorno: o térreo, concebido como continuidade da calçada, configura abrigo e convite ao acesso; o pavimento de cobertura, alinhado às construções do entorno, resulta em um bloco urbano coerente em sua volumetria, e proporciona ampla percepção do contexto urbano onde se insere o edifício. Na direção Norte, observa-se o Largo São Francisco e seu conjunto arquitetônico histórico e tombado (Faculdade de Direito, Igrejas, Escola de Comércio, edifício Saldanha Marinho); mais para a direção Nordeste, o edifício sede do Banespa/Santander. Pela fachada oposta, na direção Sudoeste, especialmente o edifício do Ministério Público, na esquina da rua Riachuelo com a avenida Brigadeiro Luís Antônio.

 

A fachada da rua Senador Feijó resulta basicamente da solução de transição a ela aplicada e da transparência pretendida na direção do Largo São Francisco. Devido a sua orientação Nordeste, caixilho recuado em relação à estrutura associada a uma pele metálica controla a insolação. Essa pele será constituída por tela metálica de aço inox, instalada desde o coroamento do edifício até a laje do 1° Pavimento. No 9° Pavimento, Terraço-Jardim, a pele é interrompida liberando completamente a visual para a contemplação da paisagem. A eliminação do pilar central possibilita visual horizontal livre e desimpedida por toda a extensão do salão em todos os pavimentos. No térreo, a solução libera o acesso e amplifica o sentido de convite no alargamento da calçada definido pelo recuo das portas de entrada.

 

 

equipe

Eduardo Colonelli, Fernando Botton (coordenador), Mayra Rodrigues, Marina Colonelli, Michelle Waisblut, Régis Sugaya (arquitetos) Marcelo Anaf (estagiário)

 

consultores

Sergio Oliveira, engenheiro estrutura

Antonio Claudio Muylaert, engenheiro instalações prediais